6 de octubre de 2009

BRASIL: Entrevista com Clarissa Menezes sobre o Dia de Luta pela descriminalização do aborto na América Latina

Reproduzimos entrevista publicada no Jornal Palavra Operária, da Liga Estratégia Revolucionária, com Clarissa Menezes, militante do Pão e Rosas e da LER-QI e mestranda em Saúde Coletiva na UFRJ. Ela nos fala sobre a Campanha Latino-Americana pelo Direito ao Aborto e como vê a luta no Brasil por esse direito.
Dia 28 de setembro é o Dia de Luta pela Legalização do Aborto na América Latina e Caribe. Qual a importância dessa data e como está colocada na realidade a questão do aborto hoje?

Nos manifestamos dentro das universidades e locais de trabalho em defesa de nosso direito à vida e de decidir sobre nossos próprios corpos cotidianamente. E isso deve ganhar maior força neste mês, quando se aproxima o dia 28 de setembro. Em toda a América Latina estima-se que morrem cerca de 5 mil mulheres todos os anos por conseqüência da clandestinidade do aborto. No Brasil cerca de 1 milhão de abortos são realizados por ano, são feitas 250.000 internações para o tratamento das complicações de aborto no sistema público de saúde, sendo que em estados como BA e PE a primeira causa de mortalidade materna é em conseqüência de abortos clandestinos. Qualquer profissional da saúde sabe que essas mortes são perfeitamente evitáveis, concordem ou não com a legalização do aborto. Mas porque então as mulheres seguem morrendo ensangüentadas, sofrendo conseqüências graves como infecções que as levam a ter que retirar o útero, passando por humilhações de todo o tipo nos hospitais, tendo seu útero perfurado, sendo deixadas 2, 3 dias sagrando nas macas como “punição”, entre tantas outras atrocidades?

E frente a tudo isso, os setores contrários ao direito ao aborto seguem na ofensiva...
Sim, é verdade. Sobre nossos corpos se impõe a Igreja aliada aos distintos governos, além da Frente Nacional Parlamentar Contra o Direito ao Aborto. Além disso, está sendo organizado para o ano que vem um “Encontro internacional pela vida” sediado no Brasil, que é tido como um exemplo no combate à legalização do aborto, por exemplo com o caso de quase 10 mil mulheres perseguidas pela justiça burguesa no Mato Grosso do Sul por terem fichas médicas numa clínica clandestina, e algumas cumprindo pena trabalhando em creches.(Leer más)