26 de abril de 2009

“Na América Latina, a criminalização do aborto condena milhares de mulheres à morte”

Entrevistamos Diana Assunção, dirigente da LER-QI e integrante do grupo de mulheres Pão e Rosas, sobre os últimos casos no Brasil que envolveram a Igreja, médicos e meninas estupradas, e sobre a Campanha Latino-Americana: Basta de mortes por abortos clandestinos!

JPO: O direito ao aborto é uma questão polêmica. Por que todos querem opinar sobre o aborto?
A questão do aborto é um tema que transcende o fato de uma mulher não querer levar adiante sua gravidez. É necessário compreender, em primeiro lugar, que as mulheres, como um grupo social subordinado nas sociedades de classes, têm em seus temas “íntimos” um espaço de discussão sobre o próprio papel que as mesmas cumprem na sociedade. Ou seja, reivindicar o direito de decidir sobre o próprio corpo optando ou não por uma gravidez é questionar a sexualidade imposta para as mulheres, uma sexualidade na qual não há espaço para o prazer feminino, há espaço apenas para a reprodução. Em última instância, é questionar também, o modelo de sociedade no qual vivemos, desde o “núcleo familiar” onde a mulher cumpre um papel subordinado, sendo oprimida pela própria família, até a existência das classes sociais. Isso se expressa na sociedade de diversas maneiras. Desde os grupos políticos, de mulheres e direitos humanos que vão buscar se colocar na luta pelo direito das mulheres decidirem sobre seu próprio corpo, até as posições mais reacionárias, como as marchas contra o direito ao aborto, a perseguição de mulheres no Mato Grosso do Sul por terem feito abortos clandestinos, as declarações da Igreja diante do aborto, deputados do PT que apresentaram a proposta de uma “bolsa-estupro” pra garantir que as mulheres estupradas não abortem os filhos fruto dessa violência, assim como a CPI do aborto. (Leer más)